Já compartilhei com alguém muito especial esse escrito... sou uma irmã que acaba de perder sua única irmã, maravilhosa de 30 anos, que deixou um filho de 11 anos. Ela era poesia, cor, música, sensibilidade e alegria em nossas vidas.
Sempre fomos uma família unida que durante a nossa vida passamos por grandes lutas e desafios e fomos seguindo e vencendo juntos, e hoje tentamos vencer desse jeito mais confesso que é difícil.
Desde que minha irmã entrou na UTI foram 12 dias de orações sem cessar e ouvimos, e lemos a palavra; e tivemos a certeza de que o resgate seria pedido e esperamos que ela voltasse para nós, todos nos diziam ela é jovem ela sairá dessa (inclusive os médicos).
Infelizmente para nós, mais felizmente para Deus ela foi levada de volta aos céus, foi de volta ter nos braços do nosso Pai maior.
Aos poucos temos tentado entender o propósito de Deus em tudo isso, já que somos seres inferiores e egoístas que se pudéssemos ajudar Deus a ser Deus, com certeza gostaríamos de determinar o melhor pro mundo, pra nossa família, pra nossas vidas; enfim, eu, entregue a mim mesma, seria tão cheia de boas idéias, que ninguém que eu amasse morreria; sim, ninguém; e se morresse seria com meu consentimento, entendimento, compreensão e apoio a Deus na Sua soberania!... Ah, se eu fosse o Deus do mundo ninguém morreria; ou, então, ninguém que eu gostasse; e, da minha casa, certamente ninguém morreria; não enquanto eu estivesse viva.
Eu, todavia, há muito aceitei e vi que de fato não vejo; percebi que de fato não discirno; entendi minha limitação de entendimento; constatei que meu melhor amor é ainda por mim mesmo e por meus sonhos; aprendi que meus amores são “meus” e por “minha causa”; pois, morre o vizinho, e não sinto; morre o jovem da esquina, e logo esqueço; milhares são vitimados, e eu apenas lamento; o mundo acaba em vários lugares da terra, e eu agradeço que não seja AQUI; e, aqui, é onde moro, vivo; e AQUI não posso conceber que aconteça o que no mundo inteiro acontece.
Entretanto, hoje, o que lhe digo é que o coração dói e dói muito, para meus pais então que perderam uma parte deles é pior ainda, mais ao mesmo tempo nos conforta olhar para meu sobrinho e ver que uma parte dela ficou para nós alegrar.
Sinto saudades... Choro... Abraço as memórias... Beijo minha irmã no meu coração todos os dias... Mas não a traria de volta se pudesse... Sim, jamais desejaria a ela tal maldade de tê-la de volta a esse mundo, uma vez que seqüelas ficariam por toda sua vida.